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A MENOPAUSA

DEPRESSÃO NA MENOPAUSA

A ideia de que a menopausa é caracterizada por um período triste, depressivo é um mito. O que se observa é a depressão nos anos que antecedem o período da menopausa. Estudos realizados em Harvard Medical School, com 4161 mulheres, entre 30 e 40 anos de idade, revelaram vários factores de risco para o desenvolvimento de depressão:
Mulheres viúvas, separadas ou divorciadas e fumadoras, claramente apresentam tendência a depressão. Mulheres que tiveram menstruação muito jovens, que nunca engravidaram e que sofrem de tensão pré-menstrual também são candidatas à depressão. Os principais sintomas depressivos observados foram perda de apetite, insónia, dificuldade de concentração, tristeza, desesperança e fadiga
Não se pode dizer com certeza, se a depressão relacionada à menopausa na mulher é realmente causada pela própria menopausa. Nicol (1996), revendo 94 artigos dos últimos 30 anos, considera os dados insuficientes para dizer-se, com certeza, ser a menopausa a causa da depressão em mulheres que atravessam esse período evolutivo.
Há uma tendência recente em considerar os sintomas da menopausa como sendo causados pela combinação de vários factores e não apenas à falência ovariana. Valoriza-se as alterações orgânicas possíveis no climatério, influências culturais, sensibilidade e dificuldades sociais, entre outros motivos para a sintomatologia menopausica.







SEXUALIDADE E MENOPAUSA

As mulheres ao chegarem a menopausa abandonam a sua sexualidade, e sentem diminuída a sua condição de mulher.
Na nossa sociedade, devido à falta de informação e pelos mitos criados em torno da menstruação, corre o pensamento de que após a menopausa a mulher perde o interesse e o prazer pelo sexo.
O pensamento machista e mesmo nas próprias mulheres, associam após a menopausa, com a perda da fertilidade e portanto a impossibilidade de gerar uma posição de incompetência.
A menopausa fica associada desta forma com a perda do desejo sexual e para muitas mulheres com a incapacidade de serem atraentes ou desejadas.
Os sexólogos e psicólogos concordam que a menopausa não marca o fim da vida sexual, ainda que ocorram algumas mudanças na forma de experimentá-la. O desejo sexual não diminui, ainda que os estrógenos e a progesterona desapareçam, a testoterona, que é a hormona que se encontra em grande quantidade nos homens e que é responsável pelo desejo em ambos os sexos, não diminui com a idade.


UMA ABORDAGEM HOLÍSTICA DA MENOPAUSA

Com o aumento da esperança de vida, o número de mulheres com mais de 50 em vários países, já constitui 15 a 20% do total da população. A menopausa tem sido foco de atenção em várias partes do mundo. Podemos dizer que está "na moda" discutir as abordagens actuais e os progressos quanto às terapias hormonais, fito-hormonais, homeopáticas ou mesmo alimentares e fisioterápicas. Apesar do tema climatérico/menopausa estar a atrair o interesse de diversas áreas ligadas à saúde, tornando-se o objecto de muitos estudos científicos, na literatura de Psicologia e Antropologia há muito pouco sobre o assunto.
Os estudos são dirigidos mais para os transtornos físicos e para as soluções medicamentosas do que para os conflitos internos e sócio-culturais (familiar, conjugal e social) que podem acontecer nessa fase.
Várias pesquisas também apontam uma variação de sintomatologia na menopausa entre mulheres de diferentes países e de diferentes níveis socio-económicos e educacionais. Isso indica que o factor hormonal e fisiológico não é o único determinante nessa fase. Por isso, a importância da abordagem holística e do atendimento integral da mulher, tendo uma visão dela como um ser bio-psico-social, começa a ser mais e mais reconhecida. A mulher não pode ser vista como uma máquina que envelheceu e precisa de reparos ou reposições, e sim como uma pessoa que traz consigo toda uma história de vida, família, filhos, trabalho, alegrias, mágoas, esperanças e temores. Em virtude das variações hormonais, a mulher apresenta ao longo de sua vida, fases diferenciadas que, embora façam parte de um processo natural, apresentam diferentes peculiaridades. A criança transforma-se em menina, que se transforma em adolescente e finalmente, com a completa maturidade sexual, atinge sua plena capacidade para engravidar, entrando na fase denominada reprodutiva. Essas fases, que podemos chamar de psicossexuais, vêm acompanhadas de modificações físicas e psicológicas as quais dependem da evolução particular de cada mulher e da interacção dos factores hormonais, características pessoais e ambientais.
No período pré e pós-menopáusicos são observadas alterações físicas como transtornos menstruais, no sistema nervoso central, sistema cardiovascular, trato genito-urinário, pele e ossos.
O não reconhecimento das necessidades individuais, sejam orgânicas, psicológicas, sociais ou espirituais é apontado em pesquisas recentes como factor favorável à diminuição da eficiência das defesas naturais do corpo, aumentando assim a predisposição ao surgimento de doenças.
O atendimento à mulher pelo nosso sistema de saúde tem como objetivo principal a assistência diagnóstica e curativa de doenças. A relação médico-paciente nos ambulatórios públicos ainda tem como característica principal o anonimato. Na imensa maioria das vezes, com a escassez do tempo para o atendimento, procura-se escutar “o mínimo” a respeito da pessoa e “o máximo” sobre a doença que a levou à consulta. A mulher, na maior parte das vezes, não encontra respostas para suas dúvidas e chega ao término da consulta carregando os medos gerados por mitos a respeito desta nova fase de vida.
É muito disseminada a imagem de que a menopausa é doença e não um fenómeno biológico natural e que portanto, precisa ser tratada.
O término da menstruação é vivenciada por algumas mulheres como perda da feminilidade, pois a experiência constante e cíclica do sangramento uterino é, para muitas, dotada de grande simbolismo.
A qualidade de vida às vezes é severamente reduzida com a crença de que está “muito velha” para refazer a vida pessoal ou profissional. A auto-estima, por outro lado, é abalada quando se percebem mudanças, no dia-a-dia, ao se olhar no espelho, reconhecendo as marcas do tempo como uma ameaça à sua imagem corporal.
A sexualidade é também vista como tabu: existe a crença de que a libido diminui com a chegada da menopausa.
Os antidepressivos surgem também como alternativas “milagrosas” para um reequilíbrio do humor. Todas essas alternativas são medicamentosas e, de certo modo, reforçam a imagem de doença que tem a menopausa. Para que se faça um atendimento integral à mulher, é necessária uma atenção médica, psicológica, educativa e reflexiva. É a integração de esforços para redimensionar o atendimento e o entendimento desta mulher inteira, saudável, com uma melhor qualidade de vida, integrada e em sintonia consigo mesmo, física e mentalmente, e também com o meio que a rodeia.
A assistência integral à saúde da mulher constitui um conjunto de acções educativas, preventivas, diagnósticas e de tratamento, com a participação de profissionais de várias áreas ligadas à saúde, integrados no mesmo entendimento do ser biopsicossocial que é a mulher.
É preciso que a visão holística, onde o todo é maior que a soma das partes, predomine. (Morais, 2004).