Total de visitas: 46791
|
STRESS NOS TÉCNICOS DE SAÚDE
O stress é um produto da nossa relação com o meio social e físico que nos rodeia. Esta relação varia de pessoa para pessoa: não nos mostramos sempre sensíveis da mesma maneira perante as mesmas situações. (Martínez; Alapon; Peris & Salvador cit. por Imédio 1998)
Vários estudos demonstraram que os técnicos de saúde estão expostos a situações de stress. Como é referido por Serra (2002 p.509), os médicos podem atravessar situações de stress bastante perturbadoras, detectáveis por manifestações directas e sinais indirectos. Também os enfermeiros são afectados por este problema e segundo Heim (1992), cit. por Serra, (2002), os enfermeiros atravessam condições de stress ainda mais intensas do que os médicos. Refere que são provenientes, em grande parte, da atenção e dos cuidados que têm de prestar continuadamente aos doentes, seguidos de conflitos de equipa ou sobrecarga de trabalho, insegurança, falta de autonomia e conflitos de autoridade.
O stress nos profissionais de saúde que trabalham na área de oncologia é um aspecto inevitável, por várias razões. Como refere Reis, (2002) cit. por Justo, (2002), a atenção profissional aos pacientes oncológicos às suas famílias e inclusivamente ao cuidado da própria equipa oncológica, constituem uma actividade stressante que leva a uma série de de exigências pessoais e de equipa que podem resultar em diferentes níveis de stress psicológico.
O autor, Lederberg (1989), cit. por Marques e cols. (1991), refere alguns factores que poderão propiciar o aparecimento de respostas de stress em equipas de enfermagem:
• Necessidade de actualizações sistemáticas;
• Alterações emocionais do doente (comportamentos frequentes de passividade, agressividade, dependência elevada...);
• Necessidade de prestar cuidados exaustivos e permanentes;
• Dificuldades em lidar com a morte;
• Possível existência de conflitos na equipa;
• Dificuldade em encontrar ouvintes disponíveis.
O registo destas situações durante longos períodos de tempo leva ao aparecimento de reacções emocionais como piedade, medo (da sua acção não ser muito eficaz, de envolver-se demasiado), sentimento de inutilidade, revolta, culpabilidade, fadiga, etc. Tais emoções são, o que leva o indivíduo a ocultá-las, pois teme que a sua verbalização desencadeie reacções de hostilidade e de segregação por parte dos colegas.
Acredita-se que o psicólogo que intervém junto à enfermagem em hospitais necessita conhecer o funcionamento dessa equipa, suas dificuldades em lidar com as questões emocionais frente à morte, a perda da função corporal, perda de um membro do corpo, as ansiedades despertadas diante do trabalho, o stress, a desvalorização profissional.
Assim, como forma de repensar a actuação do profissional de enfermagem de maneira que favoreça as relações destes com os pacientes fora da possibilidade terapêutica, sente-se a necessidade de investigar as reacções e sentimentos dos membros da equipa de enfermagem, quando prestam atendimento a esses e quais as consequências, ou seja, quais as implicações que se explicitam neste atendimento.
Julga-se que esse conhecimento favorecerá a optimização das acções do psicólogo no hospital, que poderá intervir junto à equipa de enfermagem, utilizando-se de técnicas adequadas ao contexto hospitalar, com o intuito de que estes possam vivenciar as perdas no dia a dia do seu trabalho, de uma forma mais saudável, o que, implicaria a melhoria da qualidade do atendimento prestado por este ao paciente for a da possibilidade terapêutica.
Espera-se ainda, que as intervenções junto à equipa de enfermagem reverta também em beneficio para o paciente hospitalizado, pois, a elaboração da morte por parte do profissional possibilitaria a este propiciar ao paciente morrer com dignidade. (Martins, Alves & Godoy, 1999 p. 106).
|
|